Histórias de Mãe por Andrea,mãe do Theo

Mais uma história...mais emoções!
 Hoje trago o relato sincero e emocionante da Andrea, mãe do Theo de 6 anos, brasileira, que mora em Estocolmo. Andrea é a responsável pelo blog Lagarta Vira Pupa Seu blog é incrível, a gente se emociona, aprende muito e vibra com as conquistas do Theo!!

fonte/foto: Andrea Werner/Lagarta Vira Pupa
"Sou a Andréa. A mãe do Theo.
Eu poderia escrever um texto sobre “mãe de crianças autistas”, mas eu acho as generalizações perigosas. Então, vou escrever somente sobre mim.
Essa sou eu: uma pessoa que sempre quis ser mãe. Que gostava de segurar bebês desde ficou um pouco maior do que eles. Que falava que ia ter seis filhos.
Uma pessoa que queria tanto ser mãe que já começou a tentar engravidar na lua de mel. Dois meses depois, a confirmação do sonho de infância: um bebezinho estava a caminho. O primeiro filho, primeiro neto de ambos os lados, tão amado e desejado desde que ainda era um feijãozinho.
Vi meu filho, Theo, se desenvolver normalmente até quase o primeiro ano, quando, então, começou a perder o brilho no olhar, o sorriso, o contato visual. Esqueceu-se de como fazia pra bater palmas, dar tchau, imitar a piscadinha que ensinamos a ele quando tinha oito meses.
Ouvi de um médico, pouco antes do Theo fazer 2 anos, que ele era autista. Morri um pouco por dentro. Sofri a morte daquele filho idealizado, o bebê risonho de 8 meses que imitava até a nossa tosse.
Renasci, juntei as cinzas, fui do luto à luta. Se tenho mesmo que subir essa montanha, que seja cantando e não reclamando. Celebro o filho que ganhei, que amo com todas as minhas forças, que tento compreender melhor diariamente.
Mas…
Isso não me impede de parar, de vez em quando, e chorar. Um choro dolorido pelo filho que eu, de alguma forma, perdi. Choro pelos sonhos que não vão se realizar. Choro de medo pelo futuro do filho que ganhei. Choro de culpa por nunca achar que me dedico o suficiente. Por achar que o meu melhor está longe de ser o ideal que ele precisa.
Ajudo muita gente através do meu blog. Talvez, por isso, as pessoas tenham dificuldade de enxergar que, muitas vezes, sou eu que preciso de ajuda.
Já saí sorrindo em fotos com o coração despedaçado.
Estou longe, muito longe de ser a mãe perfeita. Eu NÃO SOU um ideal de mãe a ser seguido.
Não tenho o menor talento pra terapeuta do meu filho. Basta eu tentar usar qualquer técnica que seja com ele para que ele vire as costas e me deixe falando sozinha.
Meu filho tem interesses super restritos e eu, até hoje, não consegui ampliá-los. Não consigo fazer com que ele se interesse por brinquedo nenhum, por um livro sequer. Com técnica nenhuma nesse mundo.
Tenho pânico de férias escolares. PÂNICO. Não porque quero ser livre e ir passear enquanto ele está na escola. Mas porque sei que ele está muito melhor lá – onde tem atividades estruturadas e é estimulado por pessoas que estudaram MUITO o autismo – do que em casa comigo, onde entra em tédio pela minha incapacidade total de distraí-lo e sai abrindo torneiras, derrubando frutas no chão, jogando todos os brinquedos para fora das gavetas.
E, quando alguma mãe me conta sobre o interesse de seu filho por letras e números, ou sobre as coisas engraçadas que ele fala eu penso “por que não o Theo? Por que ele não se desenvolveu tanto assim?”. E a culpa volta como facadas no peito.
Não, eu NÃO sou incansável. Muitas vezes, eu desisto de tentar, nem que seja por alguns dias. Eu me frustro. Eu perco a paciência com o meu filho várias vezes durante uma semana.
Muitas vezes, me sinto incapaz de gerenciar meu filho, meu casamento, o cachorro, minha casa, minha saúde.
Prazer, essa sou eu!
Andrea, mãe do Theo

fonte/foto: Andrea Werner/Lagarta Vira Pupa
 

Comentários

  1. Ainda não conhecia a história do pequeno Theo, mas vou lá conferir no blog dessa mamãe guerreira. É bom entendermos um pouco mais do Autismo, confesso que eu sabia bem pouco e estou gostando de aprender mais do assunto
    Beijos

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  2. Amei Andreia.
    O primeiro contato na internet que vi falando sobre autismo, foi através do seu blog, que acompanho e amo.
    Mas saiba de uma coisa, todos os seus medos, frustrações e tentativas frustantes acontece com qualquer mãe e criança.
    Aprendi com meu filho que respeitar seus limites, suas vontades, suas descobertas, seus erros, é uma forma linda de educar e amar nossos filhos.... Antes de começar qualquer coisa, sempre penso, hoje estamos prontos e dispostos a fazer o que? Vejo o humor, o cansaço e a disposição do meu filho e ai penso em algo para fazer, e acredite, uma simples brincadeira de bater a almofada um no outro, é uma brincadeira divertida, engraçada, alegre que não custa nada e encanta crianças e adultos...
    Por isso que sempre falo, não é a Disney, o brinquedo, o passeio o a viagem que agrada as crianças... Basta um simples gesto de carinho, atenção e um pouco de risada, para alegrar o dia, e ficar registrado na memória para sempre, momentos de descontração e alegria...
    Mil beijos,
    Ju
    http://www.maesemfronteiras.com.br/

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  3. Puxa, mais uma guerreira. Não deve mesmo ser fácil. Enquanto muitas mamães não veem a hora de ferias ela tem pânico! Mas eu acho que caminhamos para um meio mais desenvolvido e também compreensivel. Hoje as pessoas são instruidas e por isso tem menos preconceito.

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  4. Oi Andrea,
    Queria que soubesse que me identifico muito com você, que sem saber, me acolheu nas minhas tormentas da alma no pós diagnóstico de TEA no meu filho, ano passado. Lembro-me do desespero que senti ppr não saber nada sobre autismo além do filme Rain Main, e da solidão buscando alguém ou algo que me apoiasse e desse esperanças. Obrigada por transformar sua dor eu um largo e sincero abraço de conforto epositividade! Um bjao! Luciana A Peres

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  5. Essa é um pouco de todas nós... Quando me sugeriram um asperger... Relutei... Castiguei e até dei umas chineladas... Afinal a culpa era minha em pensar q era o jeito dele e ter mt tolerância...
    Cada dia erro... Mas vou errando menos... Não consigo ser outra coisa para meu filho que não seja MÃE!

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  6. Não conhecia o blog dessa mamãe guerreira!
    Não consigo nem imaginar o quão difícil deve ser a sua luta.
    Mas desejo tudo de melhor para você e Theo.

    Grande beijo
    http://www.amaedadri.com/

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  7. Emocionei com o relato..parabéns pela coragem...vou agora te conhecer melhor e torcer pelas conquistas do Théo..beijus

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  8. Não conhecia a história dessa mamãe guerreira, mas adorei conhecer e vou lá visitar o blog dela.
    bjcas
    http://www.estou-crescendo.com/

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  9. Nossa que historia!! Parabéns por ser essa mãe guerreira!!

    Indo conhecer seu cantinho!!

    Beijinhos

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  10. Nossa que mae guerreira, linda sua historia, irei te visitar para conhecer mais!

    Beijos
    Gleysa
    www.mamaesemrede.com

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